Acidentes de trânsito com envolvimento de motociclistas: Uberlândia - 2002 a 2004

Curso: 
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Data da Defesa: 
15/02/2007
Palavra Chave: 
acidentes trânsito motociclistas uberlandia 2002 2004

Atualmente, no Brasil, os acidentes de trânsito matam por volta 30.000 pessoas e provocam ferimentos a milhares todos os anos, sendo um grave problema para a sociedade e para as autoridades. Neste contexto, percebe-se o acréscimo de motocicletas na frota de veículos, por sua relativa facilidade de compra, economia e por satisfazer à necessidade de um público que busca as facilidades um veículo particular. Porém o aumento da frota de motocicletas, no sistema viário das cidades, tem gerado conflitos entre os condutores, levando à ocorrência de acidentes de trânsito, que, geralmente, causam ferimentos às vítimas ou até mesmo a morte, já que a motocicleta é um veículo sem maior proteção ao usuário, deixando-o vulnerável. Em Uberlândia o problema dos acidentes de trânsito é também evidente, portanto o objetivo deste estudo é conhecer e caracterizar os acidentes de trânsito motociclísticos ocorridos no período de 2002 a 2004 no município. O conhecimento da realidade local sobre os acidentes de trânsito é o primeiro passo para reduzir o número de vítimas. Dessa forma, com dados dos Boletins de Ocorrência, foi constatado que 26,06% dos AT de Uberlândia envolvem motociclistas, porém, conforme o DATASUS, os motociclistas representam 45% das vítimas de acidente que necessitam de internações médicas e 35,24% das mortes provocadas por acidentes de trânsito. Conforme os Boletins de Ocorrência, o DATASUS e o Posto Médico Legal, entre as vítimas de acidente de trânsito motociclístico, mais de 80% são homens, e a faixa etária de maior envolvimento é de jovens de 20 a 29 anos de idade. Além da grande utilidade da motocicleta como transporte individual para diversos motivos (trabalho, escola, lazer), ainda serve de instrumento de trabalho para os motociclistas profissionais (motoboys e mototaxistas), fazendo com que a motocicleta seja uma forma de reinserção ou até mesmo o ingresso de milhares de pessoas no mercado de trabalho. Nas atividades de moto-entrega e transporte de passageiros, os trabalhadores motoboys e mototaxistas ficam expostos por várias horas ao trânsito, correndo grande risco de envolvimento em acidentes. Foi constatado em pesquisa exploratória que 61% dos mototaxistas trabalham de 9 a 12 horas diárias, já entre os motoboys, 66% trabalham até oito horas por dia, porém, 28% trabalham de 9 a 12 horas. A pesquisa indicou que 50% dos motoboys e 74% dos mototaxistas já se envolveram em acidentes de trânsito. Dos motociclistas profissionais que já se envolveram em acidentes de trânsito, cerca de 56% dos motoboys e 58% dos mototaxistas, já se envolveram por mais de duas vezes. O estudo apresenta a necessidade conjunta de ações para se reduzir o número de vítimas no trânsito. Entre elas, a integração das informações dos órgãos que tratam do assunto num único local (Banco de Dados), para haver uma resposta mais rápida quanto ao conhecimento e a caracterização dos acidentes, possibilitando ações de curto, médio e longo prazo. Faz-se necessário o treinamento dos policiais militares, dos agentes de trânsito e corpo de bombeiros quanto aos cuidados na confecção dos Boletins de Ocorrência, essenciais para a coleta de informações sobre os acidentes; o treinamento dos profissionais responsáveis pela manutenção do Banco de Dados, para que não ocorram inconsistências, que dificultem a análise das informações; e, a conscientização dos profissionais dos hospitais e do Posto Médico Legal, para que identifiquem se os pacientes são vítimas de acidentes de trânsito. A identificação dos pontos críticos e das vítimas dos acidentes serve de subsídio ao tratamento a curto prazo dos locais de maior ocorrência, e de todo o sistema viário, a médio e longo prazo, além de auxiliar nas campanhas permanentes de educação para o trânsito destinada a todos, mas principalmente voltadas aos motociclistas e motociclistas profissionais, lembrando da importância da fiscalização.

Banca/Orientador(es): 
Profª. Drª. Denise Labrea Ferreira
Banca / Examinador(es): 
Prof. Dr. Julio Cesar de Lima Ramires, Prof. Dr. Archimedes Azevedo Raia Junior
Discente: 
Rejane Maria da Silva