Fatores ambientais, fauna flebotomínica e a transmissão da Leishmaniose Visceral em Uberlândia - MG.

Curso: 
Programa de Pós-Graduação em Geografia.
Data da Defesa: 
30/06/2010
Palavra Chave: 
leishmanioses, flebotomíneos, saúde pública, usinas hidrelétricas.

As leishmanioses são um complexo de doenças infecto-parasitárias, de caráter zoonótico e transmissão vetorial, causadas por diferentes espécies morfologicamente semelhantes de protozoários flagelados do gênero Leishmania. Constituem um importante problema de saúde pública, com registro de casos em quase todos os continentes. Embora existam drogas com ação eficaz sobre os parasitos, aproximadamente dois milhões de novos casos de diferentes formas clínicas ocorrem a cada ano e 350 milhões de pessoas se encontram sob risco de contrair a enfermidade. Como o interesse da indústria farmacêutica nesse tema é pequeno, pelo reduzido potencial de retorno lucrativo, uma vez que a população atingida é de baixa renda, as leishmanioses fazem parte do grupo das doenças negligenciadas. Em adição, acredita-se que as transformações ambientais e o intenso processo migratório do homem para as periferias das cidades sob condições inadequadas de habitação e saneamento provocaram mudanças no padrão de transmissão da doença, acarretando a expansão das áreas endêmicas e o aparecimento de novos focos em áreas urbanas de municípios de médio e grande porte. Em Uberlândia, estudos demonstraram que a construção de usinas hidrelétricas produziram modificações ecológicas e interferiram nas comunidades biológicas, dentre estas, a prevalência dos vetores nos peridomicílios. O objetivo geral deste trabalho foi estudar a transmissão de Leishmanioses em Uberlândia – MG e teve como objetivos específicos estudar a fauna flebotomínica, estudar as condições ambientais relacionadas à presença do Lutzomyia longipalpis, descrever o perfil soroepidemiológico da população canina e relacionar a ocorrência da leishmaniose visceral em Uberlândia com as alterações ambientais. No período de fevereiro de 2005 a dezembro de 2007 coletas mensais sistematizadas foram realizadas, utilizando armadilhas luminosas modelo CDC e, no peridomicílio de residências localizadas muito próximas da mata, foi utilizada a armadilha do tipo barraca de Shannon, em 17 localidades às margens do Rio Araguari, próximas às UHE de Miranda e Amador Aguiar Naves I e II. Foram coletados 1.695 espécimes de flebotomíneos pertencentes a 16 espécies. As espécies de importância epidemiológica mais prevalentes foram Lutzomyia whitmani (31%) e L. longipalpis (13,3%), perfazendo juntas 44,3% do total de espécimes coletados. Foram realizados inquéritos caninos censitários em animais de ambos os sexos e idade igual ou superior a três meses, residentes em localidades da área de estudo onde foram capturados exemplares de L. longipalpis. Durante o período de estudo foram testados 747 cães e nenhum animal apresentou resultado reagente para a doença. Dos fatores ecológicos analisados na área de estudo, a presença de abrigos de animais no peridomicílio das residências analisadas mostrou forte influência na domiciliação do L. longipalpis e apontam para a domiciliação de L. whitmani. Nossos estudos demonstraram ainda que a ocorrência do primeiro caso humano de leishmaniose visceral humana em Uberlândia não precedeu ao de casos de leishmaniose canina. Atualmente a leishmaniose já constitui um problema de saúde pública no município e, o estudo epidemiológico é fator decisivo para o planejamento efetivo de estratégias para o controle da doença.

Banca/Orientador(es): 
Prof. Dr. Samuel do Carmo Lima
Banca / Examinador(es): 
Prof. Dr. Eguimar Felício Chaveiro, Prof. Dr. Raul Borges Guimarães, Prof. Dr. Paulo Cezar Mendes, Prof. Dr. Júlio Mendes.
Discente: 
Márcia Beatriz Cardoso de Paula