A estância metamorfoseou-se: (re) configurações territoriais e expressões da Reterritorialização camponesa na campanha gaúcha (1990-2007)

Curso: 
Programa de Pós-Graduação em Geografia.
Data da Defesa: 
27/02/2009
Palavra Chave: 
Camponês. Latifúndio. Identidade Territorial. Reterritorialização. Espaço Agrário. Campanha Gaúcha.

A presente tese tem como objetivo central compreender o processo de (re) configuração socioespacial em curso no agrário da Mesorregião Geográfica do Sudoeste Rio- Grandense/Campanha Gaúcha (RS), a partir do embate entre o espaço latifundiário e os assentamentos rurais que, produzem significativas expressões da reterritorialização camponesa no espaço regional. Para realizar a referida análise, delimitamos o recorte temporal pós-1990 no qual se acentua a luta pela posse da terra no Rio Grande do Sul e, consequentemente, o processo de instalação dos projetos de assentamentos rurais na região. Assim, torna-se evidente uma nova dinâmica territorial em alguns municípios da Campanha Gaúcha, após o processo de reterritorialização camponesa. Nossa metodologia pautou-se na abordagem qualitativa. A partir dessa premissa, procuramos responder os objetivos propostos. No referencial teórico, discutimos a importância da incorporação do conceito de Territorialização-Desterritorialização-Reterritorialização (TDR) embasados nos estudos sobre as diferentes territorialidades promovidas pelos movimentos sociais no campo. Utilizamos também o conceito de identidade territorial, pois na análise em questão são conceitos que se complementam. Isso se justifica porque identificamos claramente duas identidades territoriais presentes nas expressões da reterritorialização camponesa na região. Detectamos que a configuração territorial da Campanha Gaúcha nesse início de século XXI é bastante complexa em função da heterogeneidade de atores envolvidos na trama territorial, apresentando-se como um espaço regional onde as rugosidades são evidentes, mas com transformações significativas em curso. Estamos, portanto, diante de uma nova territorialidade camponesa que expressa suas manifestações socioculturais por meio de elementos materiais e imateriais, promovendo uma metamorfose no espaço latifundiário regional. A partir dessas novas relações, os camponeses reterritorializados expressam nesse novo território sua identidade territorial. Nesse contexto, o espaço agrário da Campanha Gaúcha não se apresenta tão homogêneo como indicava o discurso da identidade regional do século passado. Embora continue sendo o cerne do espaço latifundiário gaúcho, do tradicional camponês fronteiriço, do arrendatário capitalista da terra, é também palco de novas experiências da territorialização da luta pela terra e expressões socioculturais da reterritorialização camponesa.

Banca/Orientador(es): 
Profª. Drª. Vera Lúcia Salazar Pessôa
Banca / Examinador(es): 
Prof. Dr. Cesar de David, Profª. Drª. Helena Angélica de Mesquita, Profª. Drª. Beatriz Ribeiro Soares, Prof. Dr. João Cleps Júnior.
Discente: 
Marcelo Cervo Chelotti