Os laços topo-biofílicos que transformam espaços em lugares para servidores e Estudantes da Escola Agrotécnica federal de Uberlândia (MG): abordagem perceptiva em geografia

Curso: 
Programa de Pós-Graduação em Geografia.
Data da Defesa: 
13/11/2008
Palavra Chave: 
Percepção ambiental, Topofilia, Biofilia.

Os estudos dos processos de percepção ambiental são fundamentais para que possamos compreender as inter-relações entre o homem e o meio ambiente, sua expectativa, seu modo de pensar e sua maneira de agir. Este trabalho tem como objetivo geral contribuir para a compreensão dos aspectos topo-biofílicos presentes na exuberante paisagem rural, que se manifestam no convívio de estudantes e servidores da Escola Agrotécnica Federal de Uberlândia (EAFUDI) e como objetivos específicos: verificar se os motivos da escolha pelo campo estão impregnados de topofilia e biofilia; analisar as reações biofílicas/biofóbicas das pessoas que entram em contato com as outras espécies vivas em ambientes diferentes de onde moram; identificar os memes que tiveram sucesso como replicadores na conduta humana relacionada ao campo e constatar se a interatividade entre a topofilia e a biofilia pode ser a chave para a conservação ambiental. Até que ponto a conservação e/ ou preservação ambiental é algo que se ensina? Embasados nesta pergunta e no conhecimento de que as pessoas desenvolvem relações afetivas ou não com os diversos lugares e paisagens, a presente pesquisa foi realizada levando-se em consideração os seguintes questionamentos: será que quanto maior os laços topofílicos, maior o instinto biofílico em relação ao meio natural? Será que os laços topo-biofílicos podem acarretar uma mudança de atitudes positivas quanto ao nosso relacionamento com o ambiente, fazendo-nos adotar a uma conduta conservacionista/preservacionista? A pesquisa de caráter qualitativo foi realizada por meio de entrevista estruturada. O instrumento de medida preparado foi constituído de duas partes. A primeira parte foi composta por informações sobre dados pessoais dos sujeitos. Na segunda parte do instrumento de medida, para avaliar os três aspectos topofílicos (percepção, atitude e valor) e as atitudes ambientais em relação à paisagem da EAFUDI, utilizamos o modelo de questões desenvolvidas por Machado (1999). Outros itens avaliados, ainda nessa segunda parte do instrumento de medida, foram as manifestações biofílicas/biofóbicas desenvolvidas por Kellert & Wilson (1993). Os questionamentos se basearam no instrumento de medida utilizado por Santos (2005). Para finalizar, as perguntas tiveram o objetivo de identificar a ligação entre biofilia e a conservação/preservação ambiental. Utilizou-se, também, a metodologia de pesquisa participante, pois foram redigidas propostas de ações a serem adotadas como estratégias de gestação ambiental na instituição. Os sujeitos foram escolhidos por meio de uma amostragem por conveniência. Pertenciam ao quadro funcional da escola, na ocasião da pesquisa, 106 servidores efetivos. Foram entrevistados 20%, o que corresponde a 22 servidores. O número total de estudantes era de 592. Entrevistamos 60 estudantes, o que corresponde a 10% da população. Os diferentes filtros perceptivos dos dois grupos de sujeitos explicaram as diferenças de interações entre o homem e a paisagem vivida. Em nossa análise, percebemos que o contato mais direto e prolongado dos servidores com a paisagem da EAFUDI faz com que essas pessoas descubram outros significados para ela, diferentemente, do outro grupo/estudantes, que não vivenciam as diferentes rotinas vii da instituição. Em conseqüência disso, muitos estudantes não criam vínculos com outros componentes da paisagem que não aqueles detectados conceitualmente, como boa escola, tranqüila etc., pois estão ali apenas de passagem ou, temporariamente, enquanto concluem os estudos. Os dois grupos apresentaram, a seu modo, preocupação com as conseqüências da falta de cuidado com a manutenção das instalações da instituição. A maioria dos sujeitos se diz responsável pelos cuidados com a Escola. A afetividade demonstrada pelos sujeitos explica porque grande parte deles considera a instituição como seus lares. Para os servidores e estudantes, essa paisagem é vista pelos filtros afetivo e profissional mesclada por uma emoção mais forte, despertada não somente pela beleza da mata, mas pela alegre companhia dos pássaros, pela possibilidade de lazer nas águas do rio. A instituição representa muito na vida desses sujeitos. Ela representa a sobrevivência da família para os trabalhadores e a promessa de futuro melhor para os jovens estudantes. Enfim, trabalhando com a percepção, poderemos levar nossos estudantes e servidores a participar dos processos que levam à solução dos problemas vividos pela comunidade escolar, estimulando-os a exercer a cidadania, pois na medida em que aprendem a ler o ambiente, encontram respostas para os seus desafios.

Banca/Orientador(es): 
Profª. Drª. Marlene Teresinha de Muno Colesanti
Banca / Examinador(es): 
Profª. Drª. Suely Regina Del Grossi, Profª. Drª. Jussara Maria de Carvalho Guimarães, Profª. Drª. Beatriz Ribeiro Soares, Prof. Dr. Oswaldo Marçal Júnior.
Discente: 
Valéria Guimarães de Freitas Nehme