Condomínios horizontais/Loteamentos fechados e a vizinhança (in)desejada: un estudo em Uberlândia - MG.

Curso: 
Programa de Pós-Graduação em Geografia.
Data da Defesa: 
13/11/2008
Palavra Chave: 
Periferia, condomínios horizontais, reestruturação urbana, cidades médias.

A paisagem urbana periférica vem passando por intensas transformações que exigem, inclusive, uma revisão teórica do termo periferia, que hoje não pode ser mais caracterizada só pela falta de infra-estrutura, por casas inacabadas em função do processo de autoconstrução, pelos conjuntos habitacionais, pela população pobre e marginalizada. A periferia, atualmente, é também o local de moradia dos grupos elitizados, que impõem à paisagem periférica, os seus “enclaves fortificados”, representados pelos condomínios horizontais. Eles são considerados como novas formas de habitat urbano, que exigem a (re)definição da forma e dos conteúdos da periferia urbana. O interesse por essa temática se deu pelo fato desses empreendimentos se localizarem em áreas periféricas e sob a imagem de um lugar de melhor qualidade ambiental e, conseqüentemente, que proporcionará melhor qualidade de vida para aqueles que ali moram. Essa imagem é vendida a partir do nome dos condomínios e loteamentos horizontais e de suas propagandas, que valorizam as áreas naturais, o sistema de segurança e o glamour de se morar em condomínios horizontais/loteamentos fechados. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é compreender o entorno dos condomínios horizontais/loteamentos fechados, a partir do processo de estruturação e expansão desses produtos imobiliários nas cidades médias do cerrado mineiro, a partir dos anos 1980, bem como as novas configurações da periferia urbana em função dessas novas formas urbanas, tendo como estudo de caso, a cidade de Uberlândia/MG. Para isso, serão analisados o processo de periferização das cidades médias e suas novas configurações; especialmente a partir da construção, estruturação, comercialização e ocupação dos condomínios horizontais/loteamentos fechados; o processo de segregação instaurado pelos mesmos na cidade de Uberlândia/MG. Além disso, também serão avaliados os impactos sociais, econômicos e estéticos provocados no entorno desses empreendimentos, verificando se geram, ou não, mudanças e se os mesmos exercem alguma influência na transformação da paisagem do entorno desses redutos fortificados. A escolha do entorno dos condomínios horizontais/loteamentos fechados justifica-se, pois as pesquisas já realizadas sobre essa temática têm privilegiado a análise da vida no interior desses empreendimentos e a sua própria dinâmica de estruturação. Entretanto, pouco já se estudou em relação aos impactos provocados por eles (condomínios horizontais/loteamentos fechados) no entorno e, também, como a própria população desse entorno avalia a instalação desses empreendimentos, os benefícios e prejuízos provocados, a relação entre os moradores dentro e fora dos muros. Os procedimentos adotados basearam-se, inicialmente, na elaboração de um arcabouço teórico consistente que servisse de embasamento nas discussões realizadas ao longo do trabalho. Também se fez necessário o levantamento de dados junto ao poder público municipal, nas empresas construtoras/incorporadoras responsáveis pela implantação desses empreendimentos. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os gerentes dessas empresas e também com os moradores do entorno dos condomínios horizontais/loteamentos fechados instalados no Setor Sul e Leste da cidade, obedecendo a área de influência de cada um. Foi feita também a análise qualitativa das propagandas e dos materiais publicitários, ou seja, do marketing utilizado na comercialização dos condomínios horizontais/loteamentos fechados. A elaboração do material fotográfico e de mapas temáticos foi imprescindível para o desenvolvimento deste trabalho. Sendo assim, o trabalho foi estruturado em quatro capítulos. No primeiro capítulo, analisa-se o conceito de cidade média, segregação, (re)estruturação urbana e periferia e se discute a diferença entre loteamentos e condomínios horizontais fechados. Além disso, apresenta-se uma caracterização dos condomínios horizontais/loteamentos fechados na América Latina, bem como uma análise da legislação urbana em relação a construção desses empreendimentos e a sua relação com o seu entorno. No segundo capítulo, apresenta-se o mapeamento e a caracterização geral dos condomínios 7 horizontais/loteamentos fechados da cidade Uberlândia/MG e discute-se a formação da periferia de Uberlândia a partir da construção desses empreendimentos, bem como o novo significado dessa área, a partir da atuação dos agentes produtores do espaço urbano, especialmente, do Estado e dos incorporadores/empreendedores imobiliários. No terceiro capítulo, faz-se uma análise do entorno dos condomínios horizontais/loteamentos fechados construídos no Setor Leste e Sul da cidade, a vizinhança indesejada e a vizinha desejada, respectivamente, mostrando a influência desses empreendimentos na estruturação da paisagem urbana e na própria vida dos moradores que vivem ao lado dessas novas formas urbanas. E, para finalizar, no quarto capítulo, tece-se uma discussão sobre a dimensão subjetiva e objetiva, como uma metodologia para analisar a construção e evolução dos condomínios horizontais em cidade médias.

Banca/Orientador(es): 
Profª. Drª. Beatriz Ribeiro Soares
Banca / Examinador(es): 
Profª. Drª. Amália Inês Gerairges de Lemos, Prof. Dr. João Batista de Deus, Profª. Drª. Denise Labrea Ferreira, Profª. Drª. Nágela Aparecida de Melo.
Discente: 
Gerusa Golçalves de Moura